quarta-feira, 31 de maio de 2017

Dilema de aniversário... By Ana António


3 anos. 3 anos de “Dilemas Femininos”. Um livro meu que resultou do esforço em descobrir um sentido numa curva não prevista nem planeada no meu percurso de vida. Um esforço que se transformou em projeto pessoal e se materializou no dia 31 de maio de 2014.

Hoje confesso o meu (ainda) acentuado desconforto com a divulgação. Sim, eu sei que é estranho e contraditório. Afinal, se um livro é publicado é porque se quer vender e fazer chegar ao maior número possível de pessoas. Mas eu não sou uma pessoa de massas, evito a quantidade e, mesmo num domínio onde os números são determinantes, eu gosto de passar despercebida.

Escrevo por prazer. O livro não foi um fim, mas uma forma de reforçar um gosto que não se poderia esgotar por aí. Sempre foi um processo muito mais interior, de satisfação de necessidades pessoais, do que um plano virado para o exterior, mesmo que seja para lá dirigido. E por isso, criei o blogue tão pouco tempo depois. As personagens que nasceram nos “Dilemas Femininos” fazem parte do meu imaginário, são um pouco de mim que quero perpetuar enquanto me dedicar a este exercício de criar.

Escrevo para alimentar um sonho de partilha de pensamentos. Porque é na troca de ideias que me sinto enquadrada. E acredito que devo partilhar, não porque as minhas ideias sejam melhores do que as dos outros, mas porque acredito que se cresce em cada pensamento verbalizado.

E passados 3 anos percebo finalmente que o processo de criação do livro e do blogue fazem parte do jeito que encontrei para evoluir enquanto Pessoa. E percebo assim porque escrevo com o coração, sem me preocupar se publico muito ou pouco, se os temas são passíveis de alcançar muitos likes ou visualizações. O meu sonho ainda é o de um dia conseguir criar uma plataforma de debate onde várias pessoas possam manifestar e trocar as suas ideias. Essa sim é a minha meta.


Até lá, continuo com os meus Dilemas e com os Dilemas que imagino nas outras mulheres.


Ana António

quarta-feira, 3 de maio de 2017

A memória dos afectos...By Ana António

                              

Avizinham-se as celebrações dos 20 anos de conclusão da minha licenciatura. O programa das festas promete. O dia está quase aí. Fui ao baú buscar a capa e a pasta para cumprir a tradição. Revi os álbuns de fotografias com as recordações que ainda continuam bem vivas na minha memória. Senti o acelerar do coração, sorri com algumas das imagens, reavivei a lembrança que embora presente já deixa espaço a algumas imprecisões. Afinal, já passaram 20 anos e, entretanto, muito aconteceu na minha humilde caminhada.

20 anos é uma data simbólica com algum peso na minha existência, pois mostra que já vivi outros tantos anos depois daqueles saudosos tempos de faculdade. Os anos 90 foram para mim, os anos de Coimbra. Foram anos que recordo com alegria, ternura e felicidade. Foram o despertar para a vida! Certo que também por lá vivi momentos menos bons, com dúvidas, desilusões e desafios, que não posso nem quero apagar. Mas, ao olhar para trás, o que me lembro são os sorrisos que por lá espalhei. Sim, fui feliz em Coimbra. 

Afortunadamente para mim, também fui feliz em muitos outros locais. Como esquecer Alenquer, a minha terra, as minhas raízes?! Os anos 80 constituem os primórdios da minha memória. Guardam os meus primeiros afectos, as recordações da infância em família, a descoberta dos amigos para a vida, as primeiras aventuras fora do ninho. Sim, (comecei por ser) feliz em Alenquer.

Percorrendo as minhas memórias passadas, reconheço com gratidão que continuei a ser feliz ao longo dos anos e por esse mundo fora. Independentemente da década em que eu me foque, consigo sempre encontrar boas recordações de vivências significativas que me foram mudando interiormente a par e passo com as modificações físicas do acumular de alguns anos de experiência. No caminho, em todos os locais e em todas as épocas, tive dias menos fáceis, angústias e hesitações. Tal como também, tive momentos inesquecíveis, experiências muito minhas e que são aquelas que recordo com saudade. Porque são memórias felizes. Porque são memórias de afectos, dos meus afectos.

Chego assim à conclusão que a magia está em nós, na afectividade com que vivemos a vida e, sobretudo, na afectividade com que interpretamos o que vamos vivendo e o que nos vai acontecendo. 

Que venham então as celebrações e mais momentos para recordar daqui a outros 20 anos. Com alegria. Com gratidão. Com afecto.

Ana António