quarta-feira, 23 de novembro de 2016

7 anos de ti... By Ana António


Faz hoje 7 anos que o meu coração de mãe ganhou mais um habitante...

Chegaste durante a manhã, num prenúncio dos despertares madrugadores com que me brindarias nos teus primeiros anos. Desde logo impuseste a tua presença com aquele choro forte e persistente, revelador de uma personalidade marcante e determinada, que queria desde logo mostrar que não serias apenas mais um.

Faz hoje 7 anos que cresci em ser e em amor...

Contigo aprendi que os desafios também são amor:
- foram 38 semanas a conversar contigo em português e a falar com os outros em castelhano;
- foi a aventura da suposta "gripe A" (que afinal não o foi) e que nos deu direito a uma semana no hospital, um mês antes de tu nasceres, isolados do mundo e com o coração na ânsia dos resultados que nunca mais vinham;
- levaste-me de volta ao universo das chupetas, fraldas e dos biberões 6 anos depois de me ter estreado nessas andanças e de já me ter esquecido como era;
- foram as nossas escapadas mensais a Lisboa, as viagens de avião, contigo e com a tua amada mala do Faísca McQueen, que insistias ser tu a puxar para encanto de todos os que nos observavam;
-passámos os teus primeiros 24 meses, 24 horas do dia juntos, sem direito a nos cansarmos com tanto estar, mas que hoje se traduz nesta nossa preciosa cumplicidade;
- foram as mudanças pelo mundo que mais do que desafios, nos trouxeram a riqueza da união e da proximidade familiar;

Faz hoje 7 anos que me apaixonei por ti...

Como descrever o que é deliciar-me com o teu toque, derreter-me com os teus repetidos beijos, com os profundos e ternurentos abraços, ser tão feliz simplesmente por te observar e sentir o teu cheiro (ainda e sempre) de bebé?
Os teus carinhos dão-me vida! Aquele momento tão nosso, em que pomos a vastidão do nosso amor num beijo de boa-noite, não tem sequer descrição! Renasço em cada hora de dormir! É pura magia! Somos nós.

Hoje eu sei que nunca crescerás, que serás sempre o meu pequenote, o meu menino.

E nestes 7 anos aprendi que é possível amar de forma única, especial, eterna e incomensurável - uma e outra vez. E cada amor é um só vínculo.  Cada amor é arrebatador. Uma e outra vez.

Parabéns, meu amor pequenino.

Mãe


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Quem sou eu agora?... By Carolina


E, de repente, os filhos crescem, começam a precisar de mim de outra forma e... Tenho de me reinventar... Redescobrir o meu lugar, repensar o meu papel... E agora, o que fazer? Onde me posicionar nesta nova equação? Como manter a minha identidade? Quem sou eu agora?

Ao longo dos anos fui aprendendo a conviver com um Eu menos convencional, aprendi que o meu papel enquanto mulher que não trabalha fora de casa é precisamente o de quem mantém a harmonia, a família unida, de quem permite que os filhos se desenvolvam sem restrições. Aprendi a viver numa sombra que afinal até é poderosa. Descobri o meu precioso valor ao possibilitar a todos os elementos da minha família a estabilidade e a segurança tantas vezes ameaçadas pelas constantes mudanças que fazemos. Fui eu quem manteve o barco, quem transformou a turbulência em suave transição. Hoje sei e estou segura da importância que tive na manutenção do bem-estar de todos (incluindo o meu).

Mas os tempos estão a mudar, os filhos a crescer e a autonomizarem-se. É meu dever tornar-me cada vez mais invisível, desnecessária, ser o tal elemento a mais. E esse é precisamente o meu problema pessoal neste momento. A felicidade e o bem-estar dos meus filhos exige-me um novo questionar sobre a minha identidade. Nos últimos 10 anos substitui a minha identidade profissional pela profissão-missão de mãe a tempo inteiro. E exatamente para cumprir esse desígnio, na atualidade, tenho de reduzir o meu horário e não sei o que fazer... Uma vez mais nesta aventura que em sido a minha vida...

Como conciliar a alegria de ver os meus filhos a crescer e a não precisarem de mim, com a minha necessidade pessoal de ser imprescindível? Como lidar com esta ambivalência de quereres? Como me ocupar para além da minha família? Acredito que outras mães vivam este dilema, mas sendo uma mulher apátrida e sem profissão reconhecida, o sentido da minha vida não pode estar indissociado da constância da mudança que me tem impedido de ter sonhos apenas meus... Quem serei eu daqui em diante? Qual o meu valor? Qual o sentido da minha vida?

Carolina


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O meu dia especial... By Maria



Hoje faço anos. É o meu dia especial.

Recordo os aniversários da infância, em que esperava ansiosamente pelo dia em que era o centro das atenções. A minha mãe e o meu avô deixavam-me sempre decidir tudo: onde íamos, o que fazíamos, o que comíamos. Não eram só os presentes e a festa com os amigos que me entusiasmavam, mas especialmente o poder de agir e decidir como os adultos faziam diariamente. Naquele dia eu era a rainha, era eu quem escolhia.

Os anos passaram e a magia do dia especial persistiu. Ainda hoje vivo o meu aniversário em clima de festa. Deixo-me mimar pelos que me são mais queridos e adoro a sensação de ser tratada como uma menina pequena. Mas, atualmente, mais do que decidir o meu dia, eu insisto em vivê-lo, sem planos, mas com sentido e gratidão, porque...

-  sinto-me grata por ter uma família que amo e que me ama...
o   ... e por continuarmos juntos a trabalhar este amor;
-  agradeço pelas pessoas que estão próximas de mim...
o   ... aquelas que escolheram estar comigo no coração, que me aceitam e a todas as minhas imperfeições;
-  congratulo-me pelas escolhas de vida que fui fazendo...
o   ... pelo retorno que me deram e pelo que aprendi quando mais duvidei;
-  sinto-me grata por ter saúde...
o   ... hoje e todas as vezes em que sei de alguém que está com alguma doença grave ou incapacitante;
-  brinco com a minha hipocondria...
o   ... porque este medo avassalador é somente uma hipótese.

Hoje valorizo as preciosas prendas que tenho recebido ao longo dos anos, aquelas prendas invisíveis e intemporais que me fazem sentir plena com o MUITO que me faz amar a (minha)vida.

Obrigada!

Maria

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Lugares do coração... By Carolina

In "Dilemas Femininos", pág. 152

Onde fica o lugar do meu coração? De todos os sítios onde vivi, em qual é que eu voltaria a viver? Qual é o lugar eleito do meu coração? O que torna um espaço comum e incógnito em algo especial e tão pessoal?

Percebi logo na minha segunda expatriação que a magia dos lugares está intimamente ligada às vivências significativas que lá passamos, está relacionada com a nossa história de vida. É o nosso coração que empresta significado aos espaços. Somos nós que permitimos que eles nos sejam significativos, que os tornamos “nossos”.

Não há um lugar do (meu) coração. Há lugares do (meu) coração. Todos eles são importantes, todos eles são especiais, em todos eles vivi momentos e experiências que me agarram à vida e às pessoas com quem partilho a minha existência. Foram descobertas, aventuras, desafios, dificuldades e obstáculos que fomos superando. Eu e a minha família. Esses lugares, junto com os sítios que visitei, fazem um pouco parte de mim porque eu lhes dei também uma parte de mim quando por lá passei e nunca mais me serão indiferentes.

E onde fica a minha cidade natal nesta equação sentimental? Será que perdeu importância na imensidão das minhas experiências? Poderá continuar a competir com a riqueza e grandiosidade que encontrei depois? A minha cidade natal fica lá bem no centro de tudo, no meio de mim. Ela é a minha base, a minha origem, a minha raiz. O principio de tudo. E foi o afastamento que lhe deu ainda mais destaque e fundamento. Por muito que eu viva, com ou sem diversidade, mais ou menos intensamente, nunca me poderei afastar de mim: do todo que sou com o que acrescento e do todo que fui no ponto de partida.

Carolina


sexta-feira, 15 de julho de 2016

O lado bom da emoção... By Ana António



Subitamente os olhos enchem-se de água, sinto um nó na garganta, o queixo treme e o coração bate mais forte. A emoção está à flor da pele. Porquê? Qual o motivo? Haverá uma razão justificável para esta facilidade em emocionar-me?

Um pensamento, um objecto, uma fotografia, uma atitude, uma frase... Qualquer um. Apenas um. Basta somente tocar no sentimento, na emoção. É de alegria na maior parte das vezes. Sim, choro de alegria. Porque há tantas coisas que me comovem!

Há causas que me sensibilizam e que são fruto da minha história de vida. Algures no tempo houve uma experiência que me impressionou e que, de alguma forma, foi intensa deixando uma sensibilidade extrema a determinado tema.

Há recordações de uma vida vivida com convicções, decisões e também com meros acasos. Uma vida que me tornou na mulher que hoje sou e que me deixou marcas felizes que se manifestam em lágrimas aqui e ali.

Há presenças que me vulnerabilizam pela positiva, que me confrontam com a minha essência e me transportam para a autenticidade do meu ser, deixando-me exposta ao que tenho de mais intimo e profundo. São presenças significativas, marcantes, que me fortificam desde dentro. E que me emocionam.

Emociono-me com o que é bom. Essencialmente.


Ana António