Comemorou-se outro dia o Dia Internacional
da Mulher. Para além dos inúmeros actos simbólicos que assinalaram a data,
pensei nas mulheres de uma forma geral – as mulheres anónimas que todas somos,
nos nossos sonhos, nas nossas lutas, nas nossas alegrias, nas nossas desilusões,
nos nossos receios, em nós... simplesmente nós.
Será necessário haver um dia especial em
que se lembrem de nós? Será necessário haver um dia em que somos
(sobre)valorizadas em relação aos demais? Ou somos nós quem precisa de um dia
especial para nos lembrarmos de quem somos e do que fazemos?
Pelas manifestações a que assisto, ano
após ano, encaro este dia como aquele em que somos mais flexíveis, em que nos
lembramos que existimos, que podemos e devemos pensar também em nós sem
qualquer espécie de culpabilidade. Podemos sair com amigas e festejar, sem nos
preocuparmos com a família. Podemos ser independentes sem ter de pedir perdão
pela escolha pessoal. Podemos evocar os nossos feitos profissionais sem nos
sentirmos exageradas. Podemos abusar sem nos martirizarmos pela falha. Podemos
ser imperfeitas ou exemplares, dependendo do contexto. Podemos ser autenticas,
nas nossas virtudes e nas nossas imperfeições. Sem exigências desmesuradas. Sem
criticas desproporcionadas. Podemos. Basta nos permitirmos... sem
constrangimentos.
A mulher é uma lutadora, mesmo quando
desiste dos seus sonhos mais profundos (em prol de outro valor a que chama
prioritário). A mulher é forte, mesmo quando desanima em momentos de dor ou de
grande frustração (que aprende a apelidar de lições de vida). A mulher é
humana, tem qualidades e defeitos, mesmo quando insiste em ser a sua pior
inimiga e autoimpor-se uma exigência de perfeição que não defende para mais
ninguém. O que lhe falta então?
... Um dia em que se lembre de si.
Sara