Feliz Natal!... By Mafalda

Estamos em plena quadra natalícia. É inevitável deixar-me influenciar pelo espírito, ou não fossemos recordados desde o princípio de novembro pelas decorações nas ruas e nas lojas... Este ano voltei a celebrar o Natal com vontade... Finalmente!...

Pertencer a uma família desmembrada representa um desafio acrescido nas épocas festivas e o Natal, o tempo da família, aviva as emoções e os pensamentos que nos acompanham ao longo do ano e que procuramos calar. Natal é tempo de aproximação, mas também é tempo de confronto. A quadra da Harmonia exige uma gestão de famílias, tradições e afetos muitas das vezes difícil... mesmo nas famílias ditas tradicionais. Precisei de tempo para encaixar todas as vivências e fracassos no meu Natal, para perceber que provavelmente era uma entre muitos...

Este ano sinto-me renovada. Tenho vontade de festejar. Quero reconciliar-me comigo e com a vida. Quero ser mais EU, mais verdadeira e, principalmente, mais positiva. Quis adaptar estas intenções à quadra e envolver os meus filhos. Quis iniciar uma tradição simples, que fosse só nossa e que eles pudessem recordar com sentido. Durante o período do Advento temos um saco onde vamos colocando uns cartões especiais; neles escrevemos tudo pelo qual nos sentimos agradecidos - uma ideia por cartão. No “nosso dia de Natal” abrimos o saco, lemos em voz alta e explicamos aos outros o porquê da nossa escolha.

O que eu mais espero é conseguir redirecionar o meu olhar. Esse seria o meu verdadeiro presente de Natal. Acredito que acabarei por descobrir muitas coisas boas na minha vida... que têm estado sempre lá... ao alcance de um (novo) olhar!

A todos um FELIZ NATAL!

Mafalda

Thinking about the 40’s... By Ana

Today I received a letter from an old friend of mine, a friend of youth. A paper letter! Fragile in appearance, deep in content, authentic at heart. I cannot express the way I felt, how happy I was!... And, to me, happiness always makes me think…

In August I turned 40. I even postponed leaving for holidays to celebrate it with the whole family! A large part of my friends on their 40’s also wanted to mark their passage in a special way. And even some of the male friends couldn’t escape from this trend. Here and there I was reading some news about the magic of this age… And I was thinking about it…

After all, what is different about the 40’s? Why do we want to mark them in a special way and we forget other anniversaries? Don’t all ages have their unique features? Are there some more important than others? Why? And, if all ages are special, why do we give greater prominence to this one?

The truth is that, when 40 years old, we accumulated some life experience, we already showed what we are capable of; experienced periods of joy and sadness, won and lost. At this stage we know what we want (even when we still don’t have it or don’t know if it will come).  We also know what we don’t want, what we are not willing to accept (and pay the price for the option taken). We have doubts too, some more than others, but we all have them. The point is that now we understand that this is part of life, that we are not “lesser beings” for hesitating. We can accept easier the certainty of indecision and the power of our choices… even the less correct ones…

When 40 we defend our beliefs with stronger conviction and, if necessary, we dare to be different from everyone else. The proof is the example of my friend who rejects new technologies and handwrites letters just as when we were teens. Now we can do this and be praised for the folly!... We’re still not free from social criticism but we can cope better with it. J

When 40 some are in good terms with life, learned to appreciate what they have and achieved, feel less the pressure for success and assume themselves as they are. There are some who continue to work their selves, confident in some areas but dissatisfied in others, with the inner feeling that they’re still lacking fulfillment in important areas and insist on their fight. The truth is that we believe that we still have a long way to go, that we’re still on time to correct the path J

The special aura that surrounds the 40’s, to my point, has to do with this security, with this certainty and with the power of those who lived a story and still have time to live another. Yes, when 40, we all have a story to tell and another to imagine!

Ana António

PENSANDO OS 40!... by Ana

Hoje recebi uma carta de uma amiga da juventude. Uma carta de papel! Frágil na aparência, profunda no conteúdo, autêntica na sua essência. É indescritível o que senti, como fiquei feliz!... E, a mim, a felicidade faz-me sempre pensar...

Em agosto fiz 40 anos. Até adiei a ida para férias para celebrar o acontecimento com a família alargada! Grande parte das minhas amigas “quarentonas” também quiseram registar a sua passagem de maneira especial. E nem alguns dos meus amigos homens conseguiram escapar a esta moda. Aqui e ali também fui lendo artigos acerca da magia desta idade... E fui refletindo acerca disso...

Afinal, o que têm de diferente os 40? Porque será que os queremos assinalar e deixamos passar outros aniversários? Não terão todas as idades a sua particularidade? Serão umas mais importantes do que as outras? Porquê? E, se todas as idades forem especiais, porque será que damos maior destaque a esta?

A verdade é que, aos 40 anos, já temos alguma experiência de vida acumulada, já mostrámos do que somos capazes, já vivenciámos períodos de alegria e de tristeza, já ganhámos e já perdemos. Com esta idade sabemos o que queremos (mesmo quando ainda não o temos e nem sabemos se algum dia lá chegaremos). Também sabemos o que não pretendemos, o que não estamos dispostos a aceitar (e assumimos o preço a pagar pela opção tomada). Temos dúvidas, também, uns mais do que outros, mas todos as temos. A questão é que percebemos agora que isso faz parte da vida, que não somos “seres menores” por hesitarmos. Já conseguimos assumir mais facilmente a certeza da indecisão e o poder das nossas escolhas... mesmo das menos acertadas...

Aos 40 defendemos as nossas crenças com outra convicção e, se for preciso, ousamos ser diferentes de todos os demais. A prova é o exemplo da minha amiga que rejeita as novas tecnologias e escreve cartas à mão, como quando éramos adolescentes. Agora já se pode fazer isso e beneficiar do elogio com a ousadia!... Ainda não somos totalmente isentos à crítica social, mas conseguimos conviver mais saudavelmente com ela!J

Aos 40 anos, alguns de nós estão de bem com a vida, aprenderam a dar valor ao que têm e ao que conquistaram, sentiram diminuir a “pressão” para o êxito e assumem-se como são. Outros há que continuam a trabalhar o seu ser, sentem-se confiantes numas áreas mas insatisfeitos noutras, mantêm a sensação interior de que ainda lhes falta preencher alguns espaços importantes e persistem na luta. A verdade é que acreditamos que ainda temos um longo percurso pela frente, que ainda vamos a tempo de emendar o caminho J

A aura especial que envolve os 40, a meu ver, relaciona-se com esta segurança, com esta certeza e com o poder de quem viveu uma história e ainda vai a tempo de viver outra. Sim, aos 40, já todos temos uma história para contar e outra para imaginar!

Ana António

A VERY SPECIAL WAY TO LOVE ... by Luisinha

Pages of my book, "Dilemas Femininos" (Luisinha is one of the characters) 

The other day thoughts went out to Love. I am certainly a different person and my ideas may sound strange for most people. I accept my oddities. But I also reject that we all have to feel in the same way.

Time shapes our thoughts, theories, feelings, the way we live them and the way we act. Throughout my life, mostly, each of these tilted from side to side and the contradictions were more than many. I am aware that I fed an aura of mystery around me and I created a gap between me and all those who lived around me. But is that enough to make me a person devoid of feelings? Was someone more harmed than I with this stance? Who, beside myself, has the right to comment on my particular way of love? Are there more valid ways of loving than others?

I loved so much. I loved all the projects I got involved with. And always with high intensity ... as if they were unique and the last. I loved those who were part of my life even though they might not have been aware ... I loved while looking ahead to the future ... I loved, I love and I will continue to love.

I loved my job (more than the enviable career that I built). My career was the result of the effort and dedication that I put in. It was never a goal in itself. From the start this was the thing that distinguished me from the others. My goals always related with performing well the tasks; exceed in the results, wanting to do more and better ... Honestly, without trampling or hitting anyone and not going into power struggles...

I loved my family. My parents who gave me their best. I always loved them, even when I got angry with their life choices that were so distant from what I wanted and dreamed for us. I loved them in their ignorance, but especially in their love. I loved my aunt. I loved her (also) weird way of loving me, her concern with my education and health, her excessive austerity. It took me many years to realize that this was her only way of loving me ... I loved Antonio: the man I imagined and deluded and deceive myself. I specially loved the dream of what we could have built. And in the downfall, I refused to let me fly again. I loved my son, so soon taken away from me. I loved him such that, for him, I decided to rebuild myself from the wreckage left by his absence. In my shoes, some would have given up, but in the despair of loss, I wanted to perpetuate him in my life keep on fighting and giving my heart and soul to my daily causes ... so he could be proud of me, from where he expects me...

I loved most of the people I worked with. I loved them in the distance I put between us. I loved them in the respect I felt about them and with which I always treated them. Particularly I loved the simplest and most vulnerable people, those whom I helped without them knowing it. I truly loved them because I never wanted or waited recognition.

I loved in a weird way, I know. I loved for me, intense and internally. I loved without expecting any benefit, without exposing myself or being visible. I loved most when I suffered. At every jolt, I moved on, throwing myself to a new love. With the fury and the iron will of those suffering ... until it appeases me. Loving was my answer to the mishaps of life!

I still love! Today, tomorrow and all the other days that follow! At the Foundation, in the causes I advocate, in the small efforts I undertake. I love by personal delivery. This is my way of love ... what I developed to face all that I lived and that is my personal life story. May not be the best, but it's mine and it's true.

Luisinha