quarta-feira, 20 de julho de 2016

Lugares do coração... By Carolina

In "Dilemas Femininos", pág. 152

Onde fica o lugar do meu coração? De todos os sítios onde vivi, em qual é que eu voltaria a viver? Qual é o lugar eleito do meu coração? O que torna um espaço comum e incógnito em algo especial e tão pessoal?

Percebi logo na minha segunda expatriação que a magia dos lugares está intimamente ligada às vivências significativas que lá passamos, está relacionada com a nossa história de vida. É o nosso coração que empresta significado aos espaços. Somos nós que permitimos que eles nos sejam significativos, que os tornamos “nossos”.

Não há um lugar do (meu) coração. Há lugares do (meu) coração. Todos eles são importantes, todos eles são especiais, em todos eles vivi momentos e experiências que me agarram à vida e às pessoas com quem partilho a minha existência. Foram descobertas, aventuras, desafios, dificuldades e obstáculos que fomos superando. Eu e a minha família. Esses lugares, junto com os sítios que visitei, fazem um pouco parte de mim porque eu lhes dei também uma parte de mim quando por lá passei e nunca mais me serão indiferentes.

E onde fica a minha cidade natal nesta equação sentimental? Será que perdeu importância na imensidão das minhas experiências? Poderá continuar a competir com a riqueza e grandiosidade que encontrei depois? A minha cidade natal fica lá bem no centro de tudo, no meio de mim. Ela é a minha base, a minha origem, a minha raiz. O principio de tudo. E foi o afastamento que lhe deu ainda mais destaque e fundamento. Por muito que eu viva, com ou sem diversidade, mais ou menos intensamente, nunca me poderei afastar de mim: do todo que sou com o que acrescento e do todo que fui no ponto de partida.

Carolina


sexta-feira, 15 de julho de 2016

O lado bom da emoção... By Ana António



Subitamente os olhos enchem-se de água, sinto um nó na garganta, o queixo treme e o coração bate mais forte. A emoção está à flor da pele. Porquê? Qual o motivo? Haverá uma razão justificável para esta facilidade em emocionar-me?

Um pensamento, um objecto, uma fotografia, uma atitude, uma frase... Qualquer um. Apenas um. Basta somente tocar no sentimento, na emoção. É de alegria na maior parte das vezes. Sim, choro de alegria. Porque há tantas coisas que me comovem!

Há causas que me sensibilizam e que são fruto da minha história de vida. Algures no tempo houve uma experiência que me impressionou e que, de alguma forma, foi intensa deixando uma sensibilidade extrema a determinado tema.

Há recordações de uma vida vivida com convicções, decisões e também com meros acasos. Uma vida que me tornou na mulher que hoje sou e que me deixou marcas felizes que se manifestam em lágrimas aqui e ali.

Há presenças que me vulnerabilizam pela positiva, que me confrontam com a minha essência e me transportam para a autenticidade do meu ser, deixando-me exposta ao que tenho de mais intimo e profundo. São presenças significativas, marcantes, que me fortificam desde dentro. E que me emocionam.

Emociono-me com o que é bom. Essencialmente.


Ana António

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Encruzilhada no sonho... By Mafalda


O que fazer quando vamos cada vez acreditando menos? Valerá a pena continuar quando nos sentimos gradualmente a afastar do objectivo inicial? Até quando devemos investir num projeto para todos que é apenas desenvolvido por alguns?

Um dia tive um sonho e fui chamada a torná-lo realidade. A tarefa era árdua, sinuosa e cheia de problemas... quase impossível... Sabia-o à partida, mas acreditei na força conjunta de quem quer criar. Os desafios foram imensos, tive muitos obstáculos iniciais, muitos momentos de desalento, muitas forças de resistência... Como obreira motivada segui em frente, usando como motor o objectivo de construir algo melhor para todos, de ajudar a desenvolver e a descobrir o potencial de cada um (e de levá-los a acreditar, a concretizar o sonho). Foi extenuante, mas o sentido de realização superava as noites mal dormidas, os percalços que abriam feridas, a dúvida que, por vezes, se insinuava para além do desejo consciente. Valia a pena. Ia ser verdade.

Cegamente continuei, olhando apenas para os sinais que reforçavam o sentido da minha missão. Quantas vezes me esqueci do eu para além do projeto e ignorei ofensas indiretas de quem não comunga do mesmo “estar”?! Nunca os valorizei, nunca os deixei ganhar espaço para me questionar incomodamente.  Mas os momentos de desalento foram continuando e comecei a ter dificuldade em calar a voz interior que insistia: “Ainda achas que vale a pena? Ainda acreditas no sonho? Alguém te segue?”

O que fazer quando chegamos a uma encruzilhada, em que nos sentimos esgotados e acompanhados apenas por aqueles que aprenderam a acreditar connosco? Será justo ou leal deixá-los lutar por algo que começamos a duvidar? Não podemos impor sonhos a quem não pretende levantar voo...

Sim, acredito no sonho – ontem, hoje, amanhã, sempre. Sim, valeria a pena vivê-lo e deixá-lo ser vivido, mas... outros caminhos florescem e não sei se há espaço para este sonho... Continuo ou deixo cair o sonho?


Mafalda

segunda-feira, 4 de julho de 2016

As dúvidas do amor... By Carolina


Quanto vale o amor? O que fazemos em nome do amor? Valerá tudo por amor? Seremos nós coerentes quando falamos de amor ou do que fazemos sob a sua alçada? Quantas vezes mudamos por causa do amor?... Mais, quantas vezes o amor nos faz mudar sem que disso tenhamos consciência?

O que estamos dispostos a fazer em nome do amor? E bastará o amor para se viver e seguir em frente? Quantas teorias e certezas abandonamos ao longo do nosso percurso por causa desta emoção? E será assim tão mau ou tão errado mudar? Haverá um caminho certo, uma resposta adequada? O que será mais importante, a coerência ou o amor? Qual dos dois será mais defensável?

Emoção e razão, aparentemente não são conciliáveis, mas... Será sempre assim? Poderemos defender a emoção e os seus efeitos nas relações privadas e criticar a emoção em contexto laboral? Porque será que quase todos aprovamos a força da emoção nas relações interpessoais e atacamos veemente a mesma emoção no domínio laboral? Ou confundimos emoção com "simpatias", "tendências"? Será positiva a emoção no trabalho? Será possível esta clivagem? Seremos nós coerentes em termos de emoções seja em que contexto for?

... Porque falamos COM amor, não temos certezas... somente colocamos dúvidas e interrogações. Talvez o falar DE amor permita aceder a teorias comprovadas...


Carolina