Alice,
Concordo inteiramente consigo! Parece que
na nossa sociedade só há espaço para o estrelato! Tudo o que se faz tem de ser
público e empolado para dar um ar de grandiosidade. Parece que o valor está no
impacto exterior, na tal projeção que se tem de dar...
Vivo esse drama na primeira pessoa. Sou
expatriada e tenho experimentado os desafios de conquistar um lugar nos
círculos por onde vou passando. Tenho verificado que aquele que chega e que
atrai as atenções para si e para as suas “fabulosas aventuras pelo mundo”,
rapidamente se integra e tem um grupo de “amigos para a vida” que durará, na
maior parte das vezes, enquanto estiverem todos a viver na mesma cidade... São
os tais amigos líquidos, descartáveis de que falava na semana passada! Por
outro lado, quem opta pela descrição e aposta na descoberta de pessoas para um
relacionamento mais profundo, pode passar por um local e permanecer (quase) invisível
durante toda a sua estadia. Qual será a postura que trará mais felicidade? Em
qual das situações a pessoa se sentirá mais realizada enquanto ser humano?
O que eu acho é que devemos procurar o tal
equilíbrio, tão difícil de definir. Não podemos viver isolados porque
precisamos do outro para construir a nossa identidade. Podemos ser muito
autênticos, cheios de valor, mas tristes e infelizes pela falta de reconhecimento de alguém. Precisamos de
reconhecimento para existir! Não podemos é apenas existir por isso... Viver
para ser reconhecido resulta na tal procura incessante por protagonismo. Não
podemos viver exclusivamente para fora, pois criamos um vazio falsamente
preenchido com outras identidades, deixando a nossa por construir. Ficamos
reféns da visibilidade para existir, pois protagonismo, em meu entender, nunca
gera reconhecimento.
Um abraço,
Carolina
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