terça-feira, 24 de março de 2015

O protagonismo: Alice Ramos


Tenho conversado sobre este assunto de forma recorrente nos últimos dias. Parece ser que se não formos vistos, não acontecemos. O mundo obriga à visibilidade. Como se estivéssemos mortos quando ninguém nos vê brilhar. Concordas?

Eu não. O protagonismo pode ser a maior rasteira de um ego que procura fora o que não encontra dentro. O protagonismo não tem relação directa com o valor. E o reconhecimento do valor não exige protagonismo. Embora, claro que aceito, todos os que têm valor pareçam transparentes se conviverem bem com a falta de protagonismo.

O que falta é abdicar de um mundo em que parecemos todos viciados na projecção de quem somos para resgatar (ou reconhecer) um valor que sabemos ter, que é intrínseco e único a cada ser humano.

Teremos que nos deixar " morrer " para sentir a beleza do nosso valor. Mesmo sabendo que ninguém estará a assistir. Ou sobretudo por isso mesmo?

"Quando vivemos para sermos vistos, falseamos a verdade profunda para a qual a nossa vida deve tender." José Tolentino Mendonça in O Tesouro Escondido


Alice Ramos

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