Pensei
muito nestes dias. Lembrei-me de uma coisa que me disseste há umas semanas
sobre a fragilidade dos "amigos telefónicos". De como tudo (ou
todos), de um momento para o outro, deixam de existir nas nossas vidas porque
não existem, de facto.
Não
se tocam as pessoas, não se dá um abraço nem se assistem aos sorrisos ou às
lágrimas. Não tenho amigos aqui. E tu estás longe e começas a sair daquilo que,
provavelmente, nos manteve perto tanto tempo (no telefone e nos emails): a
solidão. Ainda que me sinta feliz por ti, sei que o nosso ciclo vai fechar-se e
vais seguir a tua vida. E mesmo que ligues de tempos a tempos, não vai ser a
mesma coisa.
Porque
mudamos, porque a vida nos muda, porque nos revelamos a algumas pessoas de uma
forma e a outras de outra: entre nós sempre esteve a fragilidade. A tua, a
minha. A minha paciência infinita para te mostrar que não és essa pessoa má e
fria que pensas ser (nos dias maus). A tua paciência para me ler em emails intermináveis
e aturar as minhas crises de silêncio intermitentes, depois do excesso de
palavras. A paciência que chegou sempre através dessa noção de não ter medo de
te dizer que sou tão fraca. E de perceber o quanto tu és muito mais forte do
que eu.
E
desta vez escrevo sem que possas ler porque não te irei enviar esta mensagem.
Fica anónima, escondida num nome falso, publicada num blog, sem que ninguém
possa saber quem é a pessoa frágil que tu conheces ainda e que um dia destes
deixarás de conhecer (e eu a ti).
Porque
a vida nos muda e eu também estou diferente. Só não sei é perder pessoas nesta
mudança que a vida é sempre.
Seguir
em frente é isso? Perder as pessoas nas mudanças?
Alice Ramos
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