Vamos
falar de Deus? Creio que os psicólogos, quando bons, podem ser uns pequenos
anjos, ajudantes de Deus. Mas ainda assim, na maior parte das vezes não
acredito neles. Nos psicólogos. Comigo não funcionam. Ou eu não funciono com
eles nem com outras terapias. Nada contra a psicologia em particular.
Vamos
falar então de Deus. Não daquele Deus adaptado ao mercantilismo. Eu faço umas
coisas bem na certeza absoluta de que serei recompensado. Ganho um amor, uma
casa farta, o emprego de sonho, saúde para mim e para os meus. Não, não é Nesse
que eu acredito.
Também
deixei de acreditar no Deus castigador: aquele que, por cada pecado, tem
preparada uma lição dolorosa. Pune porque falhámos. E as punições caem em
catadupa em cima de nós porque somos todos pecadores e acreditar
nesta versão de Deus reduz-nos a pretensos alunos de um colégio interno muito
severo. Que nos diminui a individualidade por detrás da farda comum. Diremos
que a farda aqui pode ser também interior. Não, não é nesse Deus que eu
acredito.
Deus
é a força que nos obriga a ser fracos até que encontremos a nossa própria força
que vem Dele. Reduz-nos a pó, a pequenos nadas. Todos os dias nos diminui um
pouco mais e se encararmos essa redução como uma coisa bonita não é duro.
Claro
que dói. Mas não é dor que Ele quer que sintamos. Ele criou as dores de
crescimento. E, embora doa crescer é essa a lei da natureza e de nos
sentirmos em evolução.
E
como se cresce? Por dentro, como se cresce? Por dentro cresce-se com os outros.
Porque nos outros Ele está. E isso é cura.
Os psicólogos querem anular essa dor? Rejeitam a aceitação porque
lhes parece desistência? Como conciliar o meu Deus com a psicologia que faz o
advento do Eu?
Alice Ramos
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