terça-feira, 10 de março de 2015

O meu Deus e a Psicologia – Alice Ramos


Vamos falar de Deus? Creio que os psicólogos, quando bons, podem ser uns pequenos anjos, ajudantes de Deus. Mas ainda assim, na maior parte das vezes não acredito neles. Nos psicólogos. Comigo não funcionam. Ou eu não funciono com eles nem com outras terapias. Nada contra a psicologia em particular.

Vamos falar então de Deus. Não daquele Deus adaptado ao mercantilismo. Eu faço umas coisas bem na certeza absoluta de que serei recompensado. Ganho um amor, uma casa farta, o emprego de sonho, saúde para mim e para os meus. Não, não é Nesse que eu acredito.

Também deixei de acreditar no Deus castigador: aquele que, por cada pecado, tem preparada uma lição dolorosa. Pune porque falhámos. E as punições caem em catadupa em cima de nós porque somos todos pecadores e acreditar nesta versão de Deus reduz-nos a pretensos alunos de um colégio interno muito severo. Que nos diminui a individualidade por detrás da farda comum. Diremos que a farda aqui pode ser também interior. Não, não é nesse Deus que eu acredito.

Deus é a força que nos obriga a ser fracos até que encontremos a nossa própria força que vem Dele. Reduz-nos a pó, a pequenos nadas. Todos os dias nos diminui um pouco mais e se encararmos essa redução como uma coisa bonita não é duro.

Claro que dói. Mas não é dor que Ele quer que sintamos. Ele criou as dores de crescimento. E, embora doa crescer é essa a lei da natureza e de nos sentirmos em evolução.

E como se cresce? Por dentro, como se cresce? Por dentro cresce-se com os outros. Porque nos outros Ele está. E isso é cura.

Os psicólogos querem anular essa dor? Rejeitam a aceitação porque lhes parece desistência? Como conciliar o meu Deus com a psicologia que faz o advento do Eu?

Alice Ramos



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