quinta-feira, 12 de março de 2015

Deus, Psicologia e Arte: a perspectiva da Sara


Alice,

Eu também acredito em Deus. Um Deus muito próprio, muito meu, talhado ao meu jeito e a partir das minhas experiências e necessidades. Confesso que me incomoda pensar que tenho uma relação imperfeita e um tanto egoísta com Ele. Recebo muito mais do que dou, procuro-O consciente e propositadamente mais nos momentos de aflição ou de exaltação.

Será que Deus vive realmente em mim? Quero acreditar que sim. O que são aqueles gestos de ajuda sincera ao Outro? O que é aquela vontade consciente de ser correta e de mostrar respeito ao Outro? O que é aquele esforço de não julgar o próximo, de tentar perceber e justificar os motivos das suas falhas?

O meu Deus revela-se nesta forma de estar, que mais do que um projeto de vida, encarna a minha concepção do que é a vida.

Em que se distingue da Psicologia? Nesta minha perspetiva, em tudo! Eu entendo a Psicologia como uma ciência praticada por profissionais que têm de ser também artistas. Para mim, o psicólogo é o artista que consegue aplicar os conhecimentos científicos emanados da Psicologia e que facilita o processo de crescimento interior do outro, de descoberta de si. Para mim, os factos da Psicologia são a ciência que todos aprendem na formação académica. O exercício diário dessa ciência, para mim, exige também uma grande dose de arte -  a arte de “conseguir que funcione”. O resultado da aplicação da Psicologia é semelhante ao que refere a Alice em relação ao seu Deus. Talvez por isso compare os bons psicólogos com pequenos anjos, ajudantes de Deus. O equilíbrio e o bem-estar alcançado com a terapia é a tal cura que a Alice ainda só experimentou através do seu Deus... porque ainda não se cruzou com nenhum psicólogo que também seja artista...

Já agora, um “pequeno” esclarecimento: eu sou psicóloga J só não sei é se sou artista...

Um beijinho,

Sara

Sem comentários:

Enviar um comentário