Alice,
Eu também acredito em Deus. Um Deus muito
próprio, muito meu, talhado ao meu jeito e a partir das minhas experiências e
necessidades. Confesso que me incomoda pensar que tenho uma relação imperfeita
e um tanto egoísta com Ele. Recebo muito mais do que dou, procuro-O consciente
e propositadamente mais nos momentos de aflição ou de exaltação.
Será que Deus vive realmente em mim? Quero
acreditar que sim. O que são aqueles gestos de ajuda sincera ao Outro? O que é
aquela vontade consciente de ser correta e de mostrar respeito ao Outro? O que
é aquele esforço de não julgar o próximo, de tentar perceber e justificar os
motivos das suas falhas?
O meu Deus revela-se nesta forma de estar,
que mais do que um projeto de vida, encarna a minha concepção do que é a vida.
Em que se distingue da Psicologia? Nesta
minha perspetiva, em tudo! Eu entendo a Psicologia como uma ciência praticada
por profissionais que têm de ser também artistas. Para mim, o psicólogo é o
artista que consegue aplicar os conhecimentos científicos emanados da
Psicologia e que facilita o processo de crescimento interior do outro, de
descoberta de si. Para mim, os factos da Psicologia são a ciência que todos
aprendem na formação académica. O exercício diário dessa ciência, para mim,
exige também uma grande dose de arte - a
arte de “conseguir que funcione”. O
resultado da aplicação da Psicologia é semelhante ao que refere a Alice em
relação ao seu Deus. Talvez por isso compare os bons psicólogos com pequenos
anjos, ajudantes de Deus. O equilíbrio e o bem-estar alcançado com a terapia é
a tal cura que a Alice ainda só experimentou através do seu Deus... porque
ainda não se cruzou com nenhum psicólogo que também seja artista...
Já agora, um “pequeno” esclarecimento: eu sou psicóloga J só não sei é se sou artista...
Um beijinho,
Sara
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