segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Outra Alice

As doenças. Vi "Still Alice" um destes dias. Alzheimer como argumento e a dor lancinante de ver um familiar deixar de ser quem conhecemos, quem nos educou. A pessoa enérgica que foi, no caso uma mãe de família e professora universitária, em crescendo, rumo a uma decadência humana a que não queremos assistir. 

Mas temos. A vida é tão frágil. Teimamos em viver como se fossemos eternos, como se os nossos problemas (tantas vezes) minúsculos ocupassem toda a mente e todas as horas. E um dia, acontece a doença. Em nós ou nos que nos rodeiam. 

A certa altura a Alice, interpretada por Juliane Moore, confrontada com o diagnóstico, diz que preferia ter cancro. Qual a pior decadência? A do corpo, a que assistimos com a mente lúcida? Ou a da mente, sendo que aqui a evolução da doença não nos permite sequer ter noção da miséria em que nos tornámos?


Alice Ramos


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