Alice,
Ai, Alice!...
Como eu a compreendo!...
Em contexto profissional utilizo com os
meus clientes a expressão “varrer para
debaixo de tapete”. Mas gosto mais da sua frase. É mais original e
relevante! As costas doridas incomodam mais do que um tapete com má
apresentação. J
As nossas costas. Os nossos afetos! As
nossas ideias à volta dos afetos... e das pessoas! Principalmente, das pessoas:
as que estiveram, as que poderiam ter estado, as que somente estiveram na nossa
imaginação, as que estão, as que gostaríamos que estivessem (ou que tivessem
permanecido... como nas nossas fantasias, é claro!), as que queremos que
continuem a estar. Tudo em torno das pessoas e dos significados que lhes
atribuímos nas nossas vidas!
Tenho andado a castigar as minhas costas
ultimamente. O pior é que já nem sei o que é real nem o que é fruto de um
desejo esquecido. Não sei se este delírio tem a ver com pessoas ou com afetos.
E as minhas costas doem cada vez mais. O que fazer quando temos consciência dos
riscos e nos atiramos vorazmente na sua direção? O que dizer quando o autor de
ousada e irresponsável conduta é o mesmo que orienta outras pessoas na
descoberta do seu caminho e na busca pela sua tranquilidade?
A Alice começou a libertar. Eu insisto em
carregar... apesar das minhas costas estarem quase a vergar... A linha que
acertou no buraco e coseu horas a fio, peças atrás de peças, está a esgaçar e
ameaça romper em vários sítios. Como pode uma linha mostrar as suas
fragilidades tanto tempo depois? Como pode uma linha romper quando já provou a
sua resistência ao longo de tantas tempestades?
Ai, como me doem as costas! E tenho a
vista tão turva de tentar acertar com o fio na agulha...
Sara
A Alice foca um ponto e que é "libertar de forma desonesta", quando o fazemos sem conseguir fazê-lo por dentro. O abandono de determinados padrões exteriormente que não refectem coerência em termos interiores. A angústia da Sara é muito isto. Por fora faz sentido, por dentro não. Para além das costas pesadas, que sente ela mais? Que deve fazer coincidir o exterior com o interior ou o interior (o que realmente sente) com o comportamento?
ResponderEliminarÉ aqui que reside a dificuldade de dissolver a contradição. Somos quem mostramos ou o que sentimos e escondemos? Acredito que a Sara está a estalar. Ela terá que chegar à conclusão que, só estalando o verniz, chegará à sua verdade. Se estala nesta fase da vida dela é porque nesta fase da vida ela terá que ser quem é. De facto. Mesmo que a costura se rasgue toda. "A vida é um rasgar e remendar", já dizia o poeta.
Um abraço!
Olá Marta! Obrigada pelo contributo:-)
EliminarEu acrescentava ainda mais um dilema à Sara: acho que ela se vê através da profissão e que não se consegue descolar deste papel, que ela assumiu como exigente e perfeccionista.
A fronteira entre o exterior e o interior, entre o que somos e o que mostramos ser, com o passar dos anos pode sofrer alterações sem que tal tenha de ser obrigatoriamente mau. Eu acho que o mais importante é a pessoa se sentir "honestamente" bem consigo e com a vida.
Um abraço,
Ana