quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Comentários a várias vozes – Carolina, Maria, Sara


Alice,
Li o seu comentário e pensei “Ainda bem que sou mãe de um rapaz!” Dizem os entendidos que elas são mais precoces e, sendo assim, fico mais descansada. Ainda me falta algum tempo para me habituar à ideia de partilhar o meu menino com desconhecidas... O meu filho também está a entrar na adolescência mas gosta é de jogar à bola e na Playstation, graças a Deus!...

Considero-me uma mãe descontraída, sempre incentivei a autonomia dele e (percebo agora) tive as minhas preocupações mais centradas na minha ascendência do que no miúdo. Ainda bem para ele, mas, na verdade, ele tem a vida toda para ser adulto – para quê ter pressas?!

Não sei se conseguirei ter a tranquilidade desejada para assistir de braços cruzados à emancipação do meu filho! Isto da maternidade é muito complicado e aceitar que deixamos de ter controlo sobre a vida e as escolhas deles deve ser das maiores provações que podemos passar. Até já sinto as pulsações a acelerarem!... Se calhar não sou assim tão descontraída!...

Boa sorte,
Maria


  


Cara Alice,
Sou mãe de 3 rapazes: um deles deve ser da idade da sua filha, o outro quer crescer rápido para ser jovem como o irmão e o mais pequeno ainda ama dar abraços e beijos na mãe em todo o lado. Olhar para os 3 e vê-los a crescer é, ao mesmo tempo, maravilhoso e assustador! É muito difícil perceber (e aceitar) que deixamos de ser o centro do mundo das pessoas que tanto amamos!

Confesso que ter um pequeno que quer colo e beijo a toda a hora ajuda a deixar espaço aos mais velhos para conquistarem o seu lugar. Não sei como vai ser quando este lá chegar e eu não tiver mais distração!...

Eu vivo fora do meu país e já me mudei várias vezes. Em todas as ocasiões senti uma culpa enorme por obrigar os meus filhos a sair da sua zona de conforto, a ter de começar tudo de novo. Como mãe, o instinto protetor fica mais forte e dá vontade pegar em todos ao colo, fechá-los numa concha e só os deixar sair quando tiver a garantia que nenhum mal lhes acontecerá. Por outro lado, o querer que eles se adaptem rápido e que sofram o menos possível com a mudança tem-me ajudado e empurrá-los para fora da minha alçada. Às vezes pergunto-me que estilo de mãe serei eu, pois acho que tenho educado mais em função das voltas da nossa vida do que das minhas convicções maternais. Só espero estar a fazer bem... Todas o esperamos J

Um abraço,
Carolina





Alice,
Foi delicioso lê-la! A melhor descrição de uma mãe a estrear-se na aventura da adolescência! O misto de emoções e de interpretações: o querer e o não querer, o soltar e o pegar ao colo... o esperar à porta do cinema e o ler (intrusiva e secretamente) os sms dos filhos...

Eles aprendem a crescer e nós aprendemos com eles e através deles. Como eles, uns dias avançamos de forma segura e, outras vezes, tropeçamos e caímos ao comprido.

Eu também sou mãe de um adolescente. Sou psicóloga e trabalho com adolescentes e as suas famílias. Enquanto o meu filho foi criança procurei deixar a profissão no consultório e ser uma mãe como outra qualquer. Quantas vezes agradeci por os meus clientes não assistirem às minhas interações familiares!... Só que o menino cresceu, ficou mais alto do que eu, a voz engrossou, o corpo mudou e começaram os desafios. Deixei de poder ser natural porque deixei de conseguir chegar até ele... Desesperadamente, voltei a ler as (velhas) teorias em busca de respostas para a minha incapacidade. Perdi as certezas, procurei na profissão o que não consegui como mãe e continuo à procura do meu lugar (tal como ele, meu filho).

Sabe, a cada dia que passa admiro mais os meus pais.

Um abraço,
Sara

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