quinta-feira, 14 de maio de 2015

Particularidades que podem ser fragilidades: o alerta da Luisinha


Cara Alice,

Somos todos tão diferentes! Porque teimamos em querer-nos encaixar em categorias? Qual a vantagem, para além da ilusória aparência, de querermos anular o que nos é tão peculiar? Ou como referiam umas participantes neste espaço “esquecemo-nos que essas mesmas particularidades é que fazem o que somos, a nossa massa e essência”, sendo “a grande dificuldade fazê-lo sem desistir da nossa massa e essência”.

Comento os seus desabafos na qualidade de uma eterna outsider que sempre se sentiu algo à parte da maioria. Sempre fui diferente, não tanto na forma de me vestir ou nos bens materiais, mas na maneira de me relacionar com a vida, o trabalho, a sociedade. Não sei se tenho sido melhor ou pior do que os outros. Não sei se estarei certa ou errada nas minhas convicções. O que sei é que tentei sempre ser genuína comigo mesma e com os meus valores. E aí fui diferente da maioria, tenho a certeza.

Contudo, ao fim destes anos todos aprendi também que, por vezes, a diferença pode ser uma forma de manter a barreira entre mim e o outro. Há uma distância que se cria por se vestir ou relacionar de maneira diferente. Por vezes, a solidão resultante da extrema particularidade individual é um mecanismo de perpetuar os medos interiores sem ter de o assumir. Afasto o outro para não me expor, para ocultar uma fragilidade...

Fique atenta! Não misture a sua verdadeira individualidade com a aparência de um discurso em torno de vestimentas... Pode ofuscar a sua essência...


Luisinha

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