Sou
uma pessoa ansiosa. Quero tudo resolvido rapidamente, não suporto por muito
tempo a dúvida, a espera destrói-me. Tenho esperança, sim. Mas se calhar é uma
luz falsa. Porque ofusca-me no início, parece grandiosa mas cega-me.
Gradualmente vou ficando sem saber onde por os pés e vem à superfície o
desespero.
Falo
agora da doença. Daquelas que não esperamos, que exigem paciência e tempo. Não
é a minha doença, antes fosse. Trata-se de um filho e um filho não nos pode ver
chorar, não pode assistir ao desespero que assalta depois da tal esperança
"luminosa" dos primeiros dias.
Uma
mãe não tem medo de nada (pode até confessar que sim, mas só de insectos com
muitas patas). Uma mãe não tem direito a chorar perante a fragilidade do filho.
Não. Engole tudo, sorri o seu melhor sorriso. E chora quando o filho não pode
ver.
O afecto verdadeiro é um grande mistério. Até a dissimulação passa a
fazer sentido.
Alice Ramos
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