E
depois da tempestade, a bonança é permanente?
Não
é fácil todos os dias. A vida teima em nos colocar perante os nossos fantasmas,
os nossos medos, como se uma força que nos ultrapassa nos puxasse para quem
éramos, para quem não queremos ser mais. Um desafio. Como se uma presença
maligna nos sussurrasse ao ouvido: a sério? Tens a certeza que já consegues? E
se eu te mostrar um medo teu, daqueles gigantescos, agora? Como reages?
Nesses
dias, nesses momentos, desfaleço ainda. Os planos que tinha feito ficam
adiados, os pensamentos embrulham-se e parece outra vez retrocesso porque vamos
mudando, sim mas há uma essência que permanece e que se relaciona com o nosso
lado mais frágil.
Parece
retrocesso. Mas não é. Já não sou igual. Já não fico tão atormentada, já não me
questiono tanto. Estabeleço um prazo interior de negatividade e consigo sair
dele de forma mais ligeira que antes. Sou mais frontal a enfrentar as minhas
fragilidades, talvez por as ter interiorizado. Por outro lado, ser-se capaz de
caminhar sozinha não está isento de novos medos. E essa vozinha má que ainda
oiço sabe disso. Agora o medo maior é o de não ter força para agir de acordo
com aquilo que interiormente está definido. Chama-se, creio, síntese. Entre o
que já sei sobre mim e a necessária acção para me realizar como ser
humano.
Mais uma vez, devagar, espero chegar lá.
Alice Ramos
Sem comentários:
Enviar um comentário