Olá Alice, viva!
O tempo individual
é sempre tão subjetivo, não é? Há pessoas que resolvem tudo muito rapidamente e
superam dilemas e desgostos de uma forma que parece tão simples!...
Eu cá sou do seu
clube; levo uma eternidade a resolver-me, a ultrapassar de verdade as situações
que me marcaram. Mas, também para aceitar este facto, demorei o meu tempo. Parece
que há uma pressão exterior para vivermos o bom e o mau sempre com a mesma expressão
e a fugirmos depressa para longe do que nos afectou!... Como se vivêssemos numa
sociedade onde não há lugar para a dor!... Foi-me difícil encontrar o meu ninho
de sofrimento, porque, tal como a Alice, eu também acredito que “há uma evolução interior que não podemos
apressar”. Foi difícil afirmar este meu direito a querer sofrer mais do que
a sociedade considera apropriado – mas consegui! Hoje sou uma mulher que sabe
que precisa de lutar até ao fim e que o seu fim é mais distante do que da maior
parte das pessoas que a rodeiam. Contudo, neste meu sinuoso percurso, aprendi
também a identificar o meu momento de
corte, aquele em que atingi a exaustão e a partir do qual preciso de me
reerguer, de voltar a acreditar.
Na minha opinião,
pensar o que vivemos (sobretudo o que nos provocou angústia ou sofrimento) leva
sempre a alguma mudança. É através da reflexão que amadurecemos e ousamos
outras formas de estar e de sentir. Quem somos nós depois destes processos? Os mesmos, no meu entender.
Simplesmente tornamo-nos mais fortes e conhecedores do que devemos fazer de
diferente no futuro. No fundo, não estamos diferentes, conhecemos é melhor a
pessoa que somos (e os nossos limites para determinadas circunstâncias). Se
voltássemos atrás, com o conhecimento que adquirimos nestes processos,
agiríamos de outra forma certamente. Mais autêntica, mais próxima de quem somos
de verdade. Porque eu acho que o que nos
faz sofrer é o que se afasta da nossa essência, sejam pessoas ou
situações...
Um abraço,
Mafalda
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