quinta-feira, 9 de abril de 2015

Resoluções interiores na pessoa que somos – a perspectiva da Mafalda



Olá Alice, viva!

O tempo individual é sempre tão subjetivo, não é? Há pessoas que resolvem tudo muito rapidamente e superam dilemas e desgostos de uma forma que parece tão simples!...

Eu cá sou do seu clube; levo uma eternidade a resolver-me, a ultrapassar de verdade as situações que me marcaram. Mas, também para aceitar este facto, demorei o meu tempo. Parece que há uma pressão exterior para vivermos o bom e o mau sempre com a mesma expressão e a fugirmos depressa para longe do que nos afectou!... Como se vivêssemos numa sociedade onde não há lugar para a dor!... Foi-me difícil encontrar o meu ninho de sofrimento, porque, tal como a Alice, eu também acredito que “há uma evolução interior que não podemos apressar”. Foi difícil afirmar este meu direito a querer sofrer mais do que a sociedade considera apropriado – mas consegui! Hoje sou uma mulher que sabe que precisa de lutar até ao fim e que o seu fim é mais distante do que da maior parte das pessoas que a rodeiam. Contudo, neste meu sinuoso percurso, aprendi também a identificar o meu momento de corte, aquele em que atingi a exaustão e a partir do qual preciso de me reerguer, de voltar a acreditar.

Na minha opinião, pensar o que vivemos (sobretudo o que nos provocou angústia ou sofrimento) leva sempre a alguma mudança. É através da reflexão que amadurecemos e ousamos outras formas de estar e de sentir. Quem somos nós depois destes processos? Os mesmos, no meu entender. Simplesmente tornamo-nos mais fortes e conhecedores do que devemos fazer de diferente no futuro. No fundo, não estamos diferentes, conhecemos é melhor a pessoa que somos (e os nossos limites para determinadas circunstâncias). Se voltássemos atrás, com o conhecimento que adquirimos nestes processos, agiríamos de outra forma certamente. Mais autêntica, mais próxima de quem somos de verdade. Porque eu acho que o que nos faz sofrer é o que se afasta da nossa essência, sejam pessoas ou situações...

Um abraço,

Mafalda

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