Olá Alice,
A mais
extraordinária particularidade do ser humano é, na minha opinião, a sua
capacidade relacional. É através dos
outros que tomamos consciência do Eu, que desenvolvemos a nossa essência, que
acentuamos as nossas diferenças...
Também somos seres
sociais, é verdade. Gostamos de viver em sociedade, de formar grupos, de sentir
que pertencemos a algo/alguém. Contudo, eu situo o social num nível mais
básico, mais superficial. O social envolve o contacto sem envolvimento
emocional, sem troca. O relacional, para mim, implica reciprocidade.
Na vida precisamos
destas duas dimensões e não se atinge o relacional sem se experimentar o
social. As pessoas que passam pelas nossas vidas podem existir somente numa
destas dimensões. Também percebi com os anos, que se atribuem diferentes
valorações ao social e ao relacional e que todas são válidas.
O que a Alice desabafa,
penso eu, tem a ver exatamente com isto e com as expectativas que se têm no
relacionamento interpessoal. Há desencontros sempre que eu pretendo o
relacional e o outro me situa no social, e vice-versa. O problema Alice é
quando eu calo os meus desejos e permito que o outro me escolha como “contentor emocional”, quando eu quero
mais e espero também algo em troca. Porque até as esponjas têm um limite de
absorção, não é?
Amizade, amizade
verdadeira, só cabe na esfera do relacional. Que espécie de amizade é esta na
qual a pessoa que está à minha frente não consegue descentrar-se de si e das
suas próprias necessidades? Valerá a pena a manutenção da unilateralidade deste
contacto? Não será também responsabilidade minha mostrar que existo e que tenho
direito a querer algo, a ditar direções?
Bem haja por me
permitir continuar a pensar!
Luisinha
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