In "Dilemas Femininos", pág. 152 |
Onde fica o lugar
do meu coração? De todos os sítios onde vivi, em qual é que eu voltaria a
viver? Qual é o lugar eleito do meu coração? O que torna um espaço comum e
incógnito em algo especial e tão pessoal?
Percebi logo na
minha segunda expatriação que a magia dos lugares está intimamente ligada às
vivências significativas que lá passamos, está relacionada com a nossa história
de vida. É o nosso coração que empresta significado aos espaços. Somos nós que
permitimos que eles nos sejam significativos, que os tornamos “nossos”.
Não há um lugar do
(meu) coração. Há lugares do (meu) coração. Todos eles são importantes, todos
eles são especiais, em todos eles vivi momentos e experiências que me agarram à
vida e às pessoas com quem partilho a minha existência. Foram descobertas,
aventuras, desafios, dificuldades e obstáculos que fomos superando. Eu e a
minha família. Esses lugares, junto com os sítios que visitei, fazem um pouco
parte de mim porque eu lhes dei também uma parte de mim quando por lá passei e
nunca mais me serão indiferentes.
E onde fica a
minha cidade natal nesta equação sentimental? Será que perdeu importância na
imensidão das minhas experiências? Poderá continuar a competir com a riqueza e
grandiosidade que encontrei depois? A minha cidade natal fica lá bem no centro
de tudo, no meio de mim. Ela é a minha base, a minha origem, a minha raiz. O
principio de tudo. E foi o afastamento que lhe deu ainda mais destaque e
fundamento. Por muito que eu viva, com ou sem diversidade, mais ou menos
intensamente, nunca me poderei afastar de mim: do todo que sou com o que
acrescento e do todo que fui no ponto de partida.
Carolina
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