Ouço
o som de uma notificação no meu telefone. Ou será no do meu marido? Ou nos dos
meus filhos? São tantos gadgets em casa que é difícil de adivinhar.
Como
resistir à tentação de ir ver o que é? O som põe-me alerta, ligeiramente
ansiosa e não consigo resistir muito tempo sem lá ir. Pode ser importante... Ou
pode nem ser para mim... E, se assim for, aí eu relaxo. Mas, primeiro vou
verificar.
Aqui
em casa fazemos todos o mesmo. Acho que o que ganha mais rápido a atenção de
cada um de nós é mesmo uma tecnologia qualquer:
Ø O meu
marido diz que é somente por questões profissionais, que precisa de ler os
e-mails que lhe vão enviando e de ir dando resposta aos assuntos da sua
responsabilidade.
Ø Os meus
filhos têm sempre jogos que aumentam a pontuação e sobem de nível se estiverem conectados
várias vezes por dia; também têm os amigos com quem trocam infinitas mensagens
em torno dos jogos que fazem uns com os outros. Ai, como me irrita vê-los
sempre ligados, sempre com a cabeça no ecrã. Jogam, falam com os amigos, fazem
as duas coisas em simultâneo, sempre com a máquina pelo meio. Estão em casa,
com a família, mas completamente ausentes. Já não sei o que fazer mais!
Ø E eu?
Porque é que o faço também se me zango com esta "dependência" deles?
Para os imitar? Por vício? Como compensação? Porquê?...
Na
verdade, para mim, o clique no ecrã significa o acesso a um mundo do qual me
sinto um pouco excluída. Clicando, tenho a ilusão de pertença, de companhia, de
palco para uma atuação. Não trabalho, tenho amigos e conhecidos espalhados pelo
mundo, tenho a restante família longe, sou eu quem acompanha a escolaridade dos
miúdos, mas sinto falta de ter uma ocupação profissional.
O
que será que explica efetivamente esta necessidade constante de desligar da
realidade, do que está perto, para conectar a toda a hora com o virtual, que
está sabe-se lá onde? Será uma questão de atitude ou de excesso de
investimento?
Carolina
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