terça-feira, 2 de setembro de 2014

(CON)VIVENDO COM AS FRAGILIDADES PESSOAIS... By Maria


Como a vida é estranha! Como o Ser Humano é confuso! Como eu sou complicada...
Tenho medo de sofrer. Tenho medo de ver sofrer os que Amo. Tenho e sempre tive. Melhorei... com os anos... com a terapia... mas não desapareceu este receio interior que me assalta e magoa. Ainda sofro brutalmente ao assistir a situações de doença ou quando me confronto com os efeitos negativos do envelhecimento nos meus familiares. Mas, haverá alguém imune a esta dor?...
São momentos ou períodos que surgem com menor intensidade do que antigamente, bem mais curtos no tempo, mas que me preocupam porque sei que terei de viver com eles para sempre. Este é um dos meus pontos fracos. Está cá. Nada o remove. Vivo com ele. Tenho de o aceitar e continuar a aprender a viver com esta minha característica.
A antevisão da doença, do sofrimento, da decadência petrificam-me. Como ficar indiferente face à fragilidade humana? Como viver com a impotência de não conseguir evitar o desaparecimento de pessoas queridas na nossa vida? Como conviver com a diminuição das capacidades físicas e mentais dos que nos são emocionalmente próximos?
Fui (sou) hipocondríaca. Imaginei doenças que não existiam, fui incapaz de garantir a descoberta atempada de doenças reais, tive de enfrentar perdas duras, acompanhei de perto processos longos e difíceis de tratamentos que se assemelharam a torturas... e sobrevivi. Com muitas cicatrizes, mas hoje sou uma mulher mais forte. Sou diferente... para melhor, creio. Contudo, percebo que estou mais sensível. O que antes era medo (infundado, na maior parte das vezes), hoje é sensibilidade. Tremo ao identificar os sinais, emociono-me ao confrontar-me com a decrepitude. Porque eu já presenciei o fim. E foi duro. Muito duro. E eu tenho dificuldade em ver sofrer. Sofro ao assistir ao sofrimento dos que amo.
Contudo, hoje, eu vivo o presente. Aproveito os pequenos momentos, desfruto da sua simplicidade e deixo-me invadir pelo prazer de os experienciar. Hoje eu gozo plenamente os momentos passados com os “meus”. Sem pensar no amanhã e fugindo às ciladas do medo. É um exercício contínuo, um esforço de permanente (auto)aprendizagem.
Os dias são todos diferentes. Sei que nada dura sempre. Sei que nunca se pode estar sempre bem. Sei que há dias ou horas felizes e outros menos bons - tristes e sombrios. A dor e o sofrimento podem aparecer, não se sabe quando e nunca se está preparado. Por isso, o “aqui e agora” tem de ser vivido e celebrado.


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