Como a vida é estranha! Como o Ser Humano é confuso! Como eu sou complicada...
Tenho medo de
sofrer. Tenho medo de ver sofrer os que Amo. Tenho e sempre tive. Melhorei...
com os anos... com a terapia... mas não desapareceu este receio interior que me
assalta e magoa. Ainda sofro brutalmente ao assistir a situações de doença ou
quando me confronto com os efeitos negativos do envelhecimento nos meus
familiares. Mas, haverá alguém imune a esta dor?...
São momentos ou
períodos que surgem com menor intensidade do que antigamente, bem mais curtos
no tempo, mas que me preocupam porque sei que terei de viver com eles para
sempre. Este é um dos meus pontos fracos. Está cá. Nada o remove. Vivo com ele.
Tenho de o aceitar e continuar a aprender a viver com esta minha característica.
A antevisão da
doença, do sofrimento, da decadência petrificam-me. Como ficar indiferente face
à fragilidade humana? Como viver com a impotência de não conseguir evitar o
desaparecimento de pessoas queridas na nossa vida? Como conviver com a
diminuição das capacidades físicas e mentais dos que nos são emocionalmente
próximos?
Fui (sou)
hipocondríaca. Imaginei doenças que não existiam, fui incapaz de garantir a
descoberta atempada de doenças reais, tive de enfrentar perdas duras,
acompanhei de perto processos longos e difíceis de tratamentos que se assemelharam
a torturas... e sobrevivi. Com muitas cicatrizes, mas hoje sou uma mulher mais
forte. Sou diferente... para melhor, creio. Contudo, percebo que estou mais
sensível. O que antes era medo (infundado, na maior parte das vezes), hoje é
sensibilidade. Tremo ao identificar os sinais, emociono-me ao confrontar-me com
a decrepitude. Porque eu já presenciei o fim. E foi duro. Muito duro. E eu
tenho dificuldade em ver sofrer. Sofro ao assistir ao sofrimento dos que amo.
Contudo, hoje, eu
vivo o presente. Aproveito os pequenos momentos, desfruto da sua simplicidade e
deixo-me invadir pelo prazer de os experienciar. Hoje eu gozo plenamente os
momentos passados com os “meus”. Sem
pensar no amanhã e fugindo às ciladas do medo. É um exercício contínuo, um
esforço de permanente (auto)aprendizagem.
Os dias são todos
diferentes. Sei que nada dura sempre. Sei que nunca se pode estar sempre bem. Sei
que há dias ou horas felizes e outros menos bons - tristes e sombrios. A dor e
o sofrimento podem aparecer, não se sabe quando e nunca se está preparado. Por
isso, o “aqui e agora” tem de ser
vivido e celebrado.
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