sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Estórias banais do quotidiano (para rir!)... By Ana António


Numa consulta de rotina de Oftalmologia, ela queixou-se que lhe ardiam os olhos quando estava mais tempo ao computador. Por vezes, sentia que os olhos ficavam mais sensíveis e a lacrimejar. A jovem médica que a atendeu, qui ça estagiária, explicou-lhe em tom professoral de quem está a iniciar-se na profissão e ainda tem fresca a recordação dos anos de faculdade, que a idade faz com que o olho produza menos lágrima e que seja necessário compensar com umas gotas. Informou-a ainda, como se ela continuasse interessada em escutar depois do choque de ser categorizada pela primeira vez como pertencendo ao rol daqueles que começam a perder qualquer coisa biologicamente, que pestanejamos menos quando estamos muito concentrados no trabalho. “Quando somos mais novos não sentimos a diferença, mas, com o avançar da idade começam os sintomas. Não que seja muito velha, mas sabe, são os 40!"... Ela ficou atónita! Nem sabia se devia ficar aborrecida ou, com leveza, dar-se à brincadeira!

A consulta continuou. Ela lá fez a conhecida descrição de letras. Soube até que tinha melhorado um pouco a miopia e que estava com a correção de há 4 anos atrás. Poderiam ter ficado por ali e ela teria uma piada para contar aos amigos e familiares, mas havia mais... Subitamente, a jovem Doutora lembrou-se de lhe perguntar, como quem não quer a coisa, se ainda via bem ao perto. "Desculpe?", "Está a falar comigo?", conseguiu ainda questionar num fio de voz ao mesmo tempo que sentia a tensão arterial a disparar para níveis seguramente pouco recomendáveis.

Naquele consultório, os clientes eram atendidos por dois médicos. Isso ela já sabia, ou não fosse cliente de longa data. Primeiro tinham uma consulta de triagem e de avaliação global e depois eram atendidos pelo Professor, o mestre do local. O senhor era muito simpático e sobejamente conhecido. Era sua cliente há anos! Com ele sentia-se confiante! Então, para terminar o dia em grande, o Sr. Professor sugeriu que fizesse um exame para avaliar seu nervo óptico. "Sabe, menina, é que mudou aqui um dígito e precisamos de ir controlando."

Quando fez o seu habitual balanço de final de dia, ela nem sabia se haveria de estar contente pela avaliação oftalmológica que apontava para a estabilização dos sintomas ou se deveria deixar-se invadir pelo desespero por se ter estreado no clube dos "experientes a quem era necessário prestar redobrada atenção clinica". Decidiu ignorar os acontecimentos e pensar neles mais tarde... Talvez quando os sintomas fossem mais severos;-)


Ana António

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