Sinto-me só.
Amargamente só. Como nunca imaginei...
Longe vão os
tempos em que me sabia bem estar sozinha, em que precisava desesperadamente de
momentos exclusivamente meus... longe do trabalho... longe dos amigos... longe
da família... longe de tudo e de todos. Precisava de me retirar para me
equilibrar. Talvez por saber que tinha quem me recebesse quando desejasse
voltar, sempre me vi como uma mulher independente e solitária. Até ao dia em
que tudo mudou...
Gostaria que a
vida me tivesse reservado outros caminhos? Preferia viver na enganadora ilusão?
Não, decididamente não. Sei que não era feliz e sempre considerei que a
verdade, por mais cruel que fosse, seria melhor do que uma bem encenada
mentira. Mas há fases na vida em que é difícil viver sozinha: ter de assumir a
responsabilidade integral por todas as decisões, ter consciência que tudo gira
e depende unicamente de mim, não ter com quem partilhar aqueles pedaços do
dia-a-dia... Escolher ou ser empurrado para viver sozinho, mesmo quando se tem
filhos, é dos desafios mais difíceis que se pode enfrentar. E os fantásticos
poderes dos momentos de solidão perdem todo o sentido rapidamente...
Os filhos, os
amigos, a carreira não chegam para completar o vazio de ter a liberdade total
para escolher o que fazer com toda a minha vida. Isso percebo-o agora. Só agora,
nesta fase da vida em que espero desesperadamente conseguir voltar a descobrir
a magia de estar apenas comigo...
Mafalda
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