O mais
difícil já não é questionar tudo. Talvez seja esta fase da vida, talvez
seja alguma paz a romper - precisamente nesta fase da vida.
Recordo-me
de mim assim: fazia a mesma pergunta um sem número de vezes, massacrava-me
porque tudo me parecia preto e branco simultaneamente. Sim, por ali faz
sentido. Sim, por acolá também. Porque, descobri agora - precisamente nesta
fase da vida - que nada faz sentido e que o descuido humano de andar em busca
de um, mata o movimento.
Sim, há
caminhos mais limpos do que aquele que me aconteceu. Há pessoas
que percorrem uma linha recta entre o ponto A e o
ponto B e podem dar-se ao luxo de dizer que são felizes. Eu não
posso. Eu nasci já oblíqua.
Mas,
entretanto - precisamente nesta fase da vida - eu entendo (atenção: entender é
mais redutor que aceitar) que não é o traçado que condiciona. Mas tão
só a facilidade com que sempre me questionei sem vontade de escolher.
O mais difícil
já não é questionar tudo. Talvez seja a dureza de perceber que -
precisamente nesta fase da vida - já não há já tanto tempo disponível para
fazer acontecer a pessoa que sou.
Fez-se
tarde, não foi?
Alice Ramos
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