segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Alice Ramos I: a estreia!

O mais difícil já não é questionar tudo. Talvez seja esta fase da vida, talvez seja alguma paz a romper - precisamente nesta fase da vida.

Recordo-me de mim assim: fazia a mesma pergunta um sem número de vezes, massacrava-me porque tudo me parecia preto e branco simultaneamente. Sim, por ali faz sentido. Sim, por acolá também. Porque, descobri agora - precisamente nesta fase da vida - que nada faz sentido e que o descuido humano de andar em busca de um, mata o movimento.

Sim, há caminhos mais limpos do que aquele que me aconteceu. Há pessoas que percorrem uma linha recta entre o ponto A e o ponto B e podem dar-se ao luxo de dizer que são felizes. Eu não posso. Eu nasci já oblíqua.

Mas, entretanto - precisamente nesta fase da vida - eu entendo (atenção: entender é mais redutor que aceitar) que não é o traçado que condiciona. Mas tão só a facilidade com que sempre me questionei sem vontade de escolher.

O mais difícil já não é questionar tudo. Talvez seja a dureza de perceber que - precisamente nesta fase da vida - já não há já tanto tempo disponível para fazer acontecer a pessoa que sou.

Fez-se tarde, não foi?

Alice Ramos


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