Hoje recebi uma carta de uma amiga da
juventude. Uma carta de papel! Frágil na aparência, profunda no conteúdo,
autêntica na sua essência. É indescritível o que senti, como fiquei feliz!...
E, a mim, a felicidade faz-me sempre pensar...
Em agosto fiz 40 anos. Até adiei a ida
para férias para celebrar o acontecimento com a família alargada! Grande parte
das minhas amigas “quarentonas” também
quiseram registar a sua passagem de maneira especial. E nem alguns dos meus
amigos homens conseguiram escapar a esta moda. Aqui e ali também fui lendo
artigos acerca da magia desta idade... E fui refletindo acerca disso...
Afinal, o que têm de diferente os 40? Porque
será que os queremos assinalar e deixamos passar outros aniversários? Não terão
todas as idades a sua particularidade? Serão umas mais importantes do que as
outras? Porquê? E, se todas as idades forem especiais, porque será que damos maior
destaque a esta?
A verdade é que, aos 40 anos, já temos
alguma experiência de vida acumulada, já mostrámos do que somos capazes, já
vivenciámos períodos de alegria e de tristeza, já ganhámos e já perdemos. Com
esta idade sabemos o que queremos (mesmo quando ainda não o temos e nem sabemos
se algum dia lá chegaremos). Também sabemos o que não pretendemos, o que não
estamos dispostos a aceitar (e assumimos o preço a pagar pela opção tomada). Temos
dúvidas, também, uns mais do que outros, mas todos as temos. A questão é que
percebemos agora que isso faz parte da vida, que não somos “seres menores” por hesitarmos. Já
conseguimos assumir mais facilmente a certeza da indecisão e o poder das nossas
escolhas... mesmo das menos acertadas...
Aos 40 defendemos as nossas crenças com
outra convicção e, se for preciso, ousamos ser diferentes de todos os demais. A
prova é o exemplo da minha amiga que rejeita as novas tecnologias e escreve
cartas à mão, como quando éramos adolescentes. Agora já se pode fazer isso e
beneficiar do elogio com a ousadia!... Ainda não somos totalmente isentos à
crítica social, mas conseguimos conviver mais saudavelmente com ela!J
Aos 40 anos, alguns de nós estão de bem
com a vida, aprenderam a dar valor ao que têm e ao que conquistaram, sentiram
diminuir a “pressão” para o êxito e
assumem-se como são. Outros há que continuam a trabalhar o seu ser, sentem-se
confiantes numas áreas mas insatisfeitos noutras, mantêm a sensação interior de
que ainda lhes falta preencher alguns espaços importantes e persistem na luta.
A verdade é que acreditamos que ainda temos um longo percurso pela frente, que ainda
vamos a tempo de emendar o caminho J
A aura especial que envolve os 40, a meu
ver, relaciona-se com esta segurança, com esta certeza e com o poder de quem viveu
uma história e ainda vai a tempo de
viver outra. Sim, aos 40, já todos temos uma história para contar e outra para imaginar!
Ana António
É mesmo isso!!!!
ResponderEliminarBeijinhos