No outro dia escutava um podcast acerca do espaço da mulher no
mundo profissional. Comentavam-se as estatísticas que revelam uma percentagem
ainda diminuta de mulheres em cargos de chefia, denunciando uma clara
desvantagem de género. A dada altura apontou-se o dedo para um outro tema
delicado que é a pausa na carreira aquando da maternidade.
Fiquei a pensar no assunto. Este tema
interessa-me particularmente porque considero que é algo ainda mal resolvido
nas “cabeças femininas”. Por vezes,
também na minha...
Em quase todos os artigos que leio acerca
deste tema é feita a ligação entre a progressão na carreira feminina e a
constituição de família, a procriação. Como se fossem duas vertentes
indissociáveis ou inevitáveis na vida de uma mulher! Será que para se ser
verdadeiramente Mulher se tem de cumprir obrigatoriamente estes dois grandes
marcos vitais? Porque é que não se escrevem artigos sobre os homens que decidem
ter filhos e gozar em pleno as delícias da paternidade? Porque é que é apenas a
mulher que tem de provar que consegue conciliar os seus vários projetos de
vida? E porque é que têm de ser vários?
A pressão existe claramente no feminino. É
à mulher que se espera que assegure os compromissos familiares e que concilie
com a carreira. Uma mulher que tenha filhos e que singre profissionalmente é
mais reconhecida do que a mulher independente que optou por não assegurar
descendência. O dever é a família, o extra é a carreira... O inverso também se
verifica para o homem: se ele for bem sucedido no trabalho, é reconhecido, mas
está a cumprir com o que se espera dele; contudo, é-lhe dado destaque público se
tiver a seu cargo os filhos. “Coitado,
além de trabalhar ainda tem de tomar conta das crianças”, dizem as vozes do
povo...
Para além das claras injustiças a que
ambos os sexos estão sujeitos num ou noutro caso, o que a experiência me mostra
é que as mulheres sofrem com estes preconceitos. (Eu sofro...) Até me atreveria
a dizer que interiorizámos estas ideias feitas e acabámos por assumi-las
como nossas também. Grande parte dos dilemas femininos resultam destas mensagens
subliminares absorvidas e que, muitas vezes, nos levam inconscientemente a
desejar ser outra pessoa. Mais do que a sociedade, acredito que é a própria
mulher que deseja projetar de si uma imagem ilusória de supermulher... talvez
por sentir que ainda tem muito para provar... a SI PRÓPRIA...
Sara
A maioria das as mulheres são super mulheres quer tenham uma carreira profissional ou não. É uma realidade a nossa capacidade de gerir vidas quer remoderadamente quer não...
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