E,
de repente, os filhos crescem, começam a precisar de mim de outra forma e...
Tenho de me reinventar... Redescobrir o meu lugar, repensar o meu papel... E
agora, o que fazer? Onde me posicionar nesta nova equação? Como manter a minha
identidade? Quem sou eu agora?
Ao
longo dos anos fui aprendendo a conviver com um Eu menos convencional, aprendi
que o meu papel enquanto mulher que não trabalha fora de casa é precisamente o
de quem mantém a harmonia, a família unida, de quem permite que os filhos se
desenvolvam sem restrições. Aprendi a viver numa sombra que afinal até é
poderosa. Descobri o meu precioso valor ao possibilitar a todos os elementos da
minha família a estabilidade e a segurança tantas vezes ameaçadas pelas
constantes mudanças que fazemos. Fui eu quem manteve o barco, quem transformou
a turbulência em suave transição. Hoje sei e estou segura da importância que
tive na manutenção do bem-estar de todos (incluindo o meu).
Mas
os tempos estão a mudar, os filhos a crescer e a autonomizarem-se. É meu dever
tornar-me cada vez mais invisível, desnecessária, ser o tal elemento a mais. E
esse é precisamente o meu problema pessoal neste momento. A felicidade e o bem-estar
dos meus filhos exige-me um novo questionar sobre a minha identidade. Nos
últimos 10 anos substitui a minha identidade profissional pela profissão-missão
de mãe a tempo inteiro. E exatamente para cumprir esse desígnio, na atualidade,
tenho de reduzir o meu horário e não sei o que fazer... Uma vez mais nesta
aventura que em sido a minha vida...
Como
conciliar a alegria de ver os meus filhos a crescer e a não precisarem de mim,
com a minha necessidade pessoal de ser imprescindível? Como lidar com esta
ambivalência de quereres? Como me ocupar para além da minha família? Acredito
que outras mães vivam este dilema, mas sendo uma mulher apátrida e sem
profissão reconhecida, o sentido da minha vida não pode estar indissociado da
constância da mudança que me tem impedido de ter sonhos apenas meus... Quem
serei eu daqui em diante? Qual o meu valor? Qual o sentido da minha vida?
Carolina
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